MENSAGEM DE FÁTIMA

D0206160.jpgA Mensagem de Fátima aponta a atitude fundamental da Igreja face às vicissitudes e sofrimentos com que se depara em cada tempo e particularmente hoje.

 

Conversão, penitência, oração

Segundo o Papa emérito Bento XVI, «a conversão permanente, a penitência, a oração e as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade» constituem essa resposta fundamental que todos e cada um devem dar num cenário em que a Igreja surge como sofredora, situação que a acompanhará, de diversos modos, até ao fim dos tempos, como Jesus anunciou.

Uma Igreja vítima de ataques do exterior, mas também a ser perseguida pelo pecado que existe no seu interior, o que levou Bento XVI a falar na «profunda necessidade» que a Igreja tem de «reaprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender por um lado o perdão, mas também a necessidade de justiça. O perdão não substitui a justiça».

Na conversa que manteve com os jornalistas no avião que o trouxe a Portugal, em 11 de maio de 2010, o agora Papa emérito não deixou de sublinhar também o conforto – igualmente transmitido por Nossa Senhora em Fátima na promessa do triunfo do seu Imaculado Coração –, de que, não obstante o mal, as forças do bem permanecem presentes e a bondade de Deus prevalecerá.

A Senhora «mais brilhante que o Sol» pergunta às três crianças se estão disponíveis para suportar os sofrimentos que Deus lhes enviar «em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores».

Quanto ao Terço, pede que o rezem todos os dias, para que se alcance a paz no mundo e o fim da guerra (decorria a Primeira Guerra Mundial). Um pedido que se repete nas restantes cinco Aparições em Fátima.

 

Devoção ao Imaculado Coração de Maria

Na segunda Aparição, Nossa Senhora pede-lhes que aprendam a ler e escrever e anuncia vida breve para Francisco e Jacinta e uma vida mais longa para Lúcia, com uma missão específica: «Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração».

A 13 de julho, Nossa Senhora volta a pedir sacrifícios pela conversão dos pecadores e pela reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria, depois de lhes proporcionar uma visão do inferno.

Nossa Senhora diz que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria, como forma de alcançar a paz.

Anuncia ainda que irá pedir a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados: «Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas», como revela a Quarta Memória da Irmã Lúcia.

Mas conclui com uma certeza: «Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz».

 

Atualidade da Mensagem

Mensagem que, cem anos depois, continua atual, como sublinha o cardeal Rino Fisichella, Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, recordando, num tempo em que se busca um renovado vigor no anúncio do Evangelho, que, «objetivamente, a Mensagem de Fátima fala de evangelização».

«A primeira coisa da evangelização, como nos diz o Papa Francisco, é que esta se faz de joelhos. A representação que sempre temos da imagem de Fátima é esta: os pastorinhos de joelhos, a rezar», afirmou numa entrevista à publicação Fátima XXI, do Santuário de Fátima.

A conversão continua a ser tão necessária como há cem anos, quando a Senhora do Rosário a pediu, sublinhou, referindo que, que noutras épocas, se tratava de uma conversão do ateísmo, sendo hoje uma conversão da indiferença.

«É uma Europa que quer construir-se a si mesma somente sobre uma dimensão económica e financeira. A Igreja, com a mensagem que é oferecida em Fátima, recorda que existe uma dimensão muito mais profunda, que toca os homens e as mulheres, em primeiro lugar, e um horizonte religioso, que permite olhar para a própria existência e rever os parâmetros com os quais e sobre os quais a Europa pode ser construída», acrescentou.

Uma Mensagem que, corrobora D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, não perdeu nem atualidade nem espaço ou importância, pois não ficou parada no tempo nem se refere apenas a uma dada época ou à experiência pessoal dos pequenos videntes.

«Talvez só hoje, à distância de um século, estejamos em condições de compreender com maior profundidade a verdade e todo o alcance desta mensagem», assinalou D. António Marto, numa Oração de Sapiência proferida na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, em fevereiro de 2016.

«Depois das Escrituras é talvez a denúncia mais forte e impressionante do pecado do mundo que convida toda a Igreja e o mundo a um sério exame de consciência», acentuou, recordando as palavras de João Paulo II, segundo as quais a Mensagem de Fátima se destina de modo particular aos homens de hoje.

 

Promessa consoladora

Por isso, a Mensagem de Fátima «é advertência muito séria e, ao mesmo tempo, consolação da esperança teologal: o mal é vencido pelo amor trinitário revelado na cruz e ressurreição de Jesus, pelo amor de Maria por nós e com a nossa conversão».

Isto é, continua a ser atual e necessária, refere, citando Bento XVI: «Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída».

Mas, recorda D. António Marto, é uma Mensagem que termina com uma «promessa consoladora»: «Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará... e será concedido ao mundo um período de paz», que aquele Papa interpretou: «no final, o Senhor é mais forte do que o mal e Nossa Senhora é para nós a garantia visível, materna da bondade de Deus que é sempre a última palavra na história», uma história em cujos dramas o amor misericordioso de Deus não deixa de triunfar.         

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